Depois de cerca de três horas de reunião, o Gabinete de Crise do Estado anunciou, em live, medidas mais restritivas no combate ao contágio do coronavírus. As mudanças vêm depois de dados alarmantes no Rio Grande do Sul. O número de pacientes em UTIs Covid-19 ultrapassou 1,1 mil pela primeira vez desde o começo da pandemia. Em Santa Maria, a situação também preocupa. Há apenas um leito de UTI para a Covid-19, e a cidade beira a lotação máxima.
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A transmissão abriu com o mapa do Distanciamento Controlado. A região de Santa Maria seguiu na bandeira vermelha, mas o Rio Grande do Sul teve, pela primeira vez, 11 regiões em bandeira preta. As demais 10 ficaram com risco alto. Um decreto será publicado no sábado e vai definir, entre outras medidas a suspensão geral de atividades entre 22h e 5h. A medida é válida para as duas bandeiras em vigor no Estado.
- Não é chamado de toque de recolher, porque há a discussão jurídica. O que vigorará, a partir de sábado, até 1º de março, será a restrição geral. A bandeira preta não é lockdown. No Brasil, isso não se demonstra viável até pela questão sócio-econômica do país - explicou.
SANTA MARIA
Segundo o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), que participou do programa Sala de Debate, na TV Diário, na noite de sexta, será feita uma avaliação técnica, no final de semana, para definir a necessidade de um novo decreto com medidas mais rígidas.
- Essa situação já era prevista, uma vez que houve um aumento no número de pessoas contaminadas - afirmou Pozzobom.
Entretanto, o prefeito não anunciou, de imediato, nenhuma medida restritiva. O Comitê Estratégico de Acompanhamento da Covid-19 vai analisar os dados.
O Estado garante que vai analisar os pedidos de recurso que receber, mas não há como garantir que serão aceitos. Na segunda, a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) vai discutir a suspensão da cogestão.
HOSPITALIZAÇÕES
Leite também comentou sobre o uso dos órgãos de segurança e fiscalizações municipais para evitar aglomerações.
- O número de internados por Síndrome Respiratória Aguda Grave, no Estado, aumentou 20% na última semana. É um agravamento claro e nítido da situação do coronavírus no Rio Grande do Sul. Temos o nível mais alto de internados em leitos clínicos e UTI no Estado - disse o governador.
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Junto da apresentação dos dados de crescimento de casos e internações, Leite falou sobre a capacidade de expansão de leitos no Estado. Segundo ele, a capacidade de ampliação é limitada. O governador também pontou que 100% da capacidade já chegou a ser ampliada desde o começo da pandemia.
CARNAVAL
O cenário ainda não é reflexo do feriado de acordo com Leite. O governador explicou que a situação já era observada antes do Carnaval. Porém, o Estado considera a possibilidade de efeitos piores na próxima semana, ainda que a chance de não sentir essas consequências também é visto como possível.
- Em cinco dias, blocos carnavalescos poderiam acontecer sem horário claro. Não parecia cabível restrições prolongadas. Por isso não houve restrições. Isso é uma curva que se observa antes do feriado. Não é tarde demais, justamente por causa dessa curva, antes que se torne ainda mais grave, atuamos desde já - afirmou as seguintes - falou sobre a atuação no feriado.
COMORBIDADES
A apresentação também tratou das doenças que agravam quadros de Covid-19. O que foi observado é que o perfil de internações mudou. Agora, há mais hospitalizações de grupos sem comorbidades. Conforme Leite, a razão que explica a maior vulnerabilidade ao vírus ainda é estudada.
- Não se trata de proteger apenas os grupos de riscos - disse.
Em 2020, 27,19% das internações por Covid-19 não tinham relação com nenhuma outra doença. Somente em 2021, o dado foi para 31,7% no Estado.
- Podem os jovens estar em maior vulnerabilidade. Estamos em um momento em que a gente não sabe quem é suscetível - disse a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Cynthia Goulart Molina-Bastos sobre possíveis variantes do coronavírus no Estado.
Segundo a diretora, não há como saber ainda se a vulnerabilidade observada tem relação com a variante P.1 (que teve um caso no RS), ou com outras mutações, ou ainda com outro motivo.
AULAS
O governo estadual orientou que as escolas não retomem as aulas na próxima segunda no caso das 11 regiões com bandeira preta. É o caso das regiões de Canoas, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Erechim, Lajeado, Novo Hamburgo, Palmeira das Missões, Passo Fundo, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul e Taquara. A medida vale para escolas públicas, privadas e o Ensino Superior.
Em bandeira vermelha, não haverá essa suspensão, e a possibilidade de retomar as aulas segue de pé.
- Em regiões de bandeira vermelha, continuamos defendendo a possibilidade de retorno às aulas. Exatamente por isso que fizemos a territorialização - argumentou o governador.
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